Braille e a Engenharia

Dia Mundial do Braille, 04 de janeiro.

Enquanto cidadão/cidadã, o quanto você já ouviu falar desta data? É uma data em comemoração ou memória de algum fato histórico? Como funciona a relação do Braille com a Engenharia?

Precisamos falar sobre este marco, e, muito além, sobre o Sistema Braille, que traz liberdade e inclusão pra tanta gente e muitas vezes é tão desapercebido.

Com toda a tecnologia assistiva atual, com a presença de audiobooks e leitura digital com conversão de escritos em áudio, qual a real importância de materiais em Braille?

A gente te explica! Mas só conseguimos isso pois contamos com a ajuda da Maria da Glória, do Instituto Benjamin Constant, pra nos explicar e tirar todas as nossas dúvidas. Bora lá?!

Importância do Sistema Braille

Entrar sozinho em um elevador, encontrar seus produtos preferidos no supermercado, ler com tranquilidade os cardápios nos restaurantes, consultar contas bancárias com privacidade e ingerir seus remédios com segurança são apenas algumas das situações em que o braille garante às pessoas cegas o direito de viver com independência e exercer sua cidadania plena.

Mesmo com o uso cada vez maior de tecnologias assistivas como mencionamos acima, inclusive e principalmente no Ensino Médio e Superior, o Sistema Braille não perde sua importância. Isso, principalmente, porque o aprendizado básico depende da representação tátil dos símbolos da Matemática, Química, Física, Música, entre outras disciplinas. Além disso, os livros em braille trazem gráficos, mapas, figuras geométricas e outras ilustrações em relevo para que as crianças cegas tenham acesso às mesmas informações que os alunos que enxergam.

E o que dizer dos surdocegos, que tem o braille como forma única de escrita e leitura e, consequentemente, como meio exclusivo de acesso à educação, à cultura e à informação?

Nas bibliotecas a ênfase normalmente é dada para livros de educação infantil, mas também são produzidos livros de literatura, crônicas, romance e poesias em Braille, que proporcionam momentos únicos de lazer e contribuem para a inclusão social. Livros profissionais, entretanto, acabam sendo mais restritos pois não são todas as áreas que proporcionam empregabilidade para pessoas cegas ou com dificuldade de visão, como é o caso da Engenharia.

A pergunta que fica é: como podemos realmente mudar esse cenário e promover cada vez mais a inclusão? Como estudantes e profissionais podem unir forças e romper essas barreiras?

Produção de livros em Braille

A produção de livros em Braille, de modo geral, tem custo elevado, é de difícil armazenamento e necessita de cuidados especiais, isso porque os livros se deterioram com facilidade. Entretanto, com o uso de softwares para a produção de textos e das impressoras automatizadas, a produção de livros em braille tornou-se mais fácil e rápida. Ao mesmo tempo, obras faladas e digitalizadas, o desenvolvimento de leitores de tela e muitos outros recursos estão tornando mais rápido o acesso à informação e à cultura, e facilitando a educação e profissionalização de pessoas com deficiência visual.

Atualmente existem apenas 2 prensas que produzem números significativos de exemplares em Braille, uma no Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro, e outra na Fundação Dorina Nowill, em São Paulo. Alguns centros de apoio possuem impressoras, mas normalmente não são utilizadas em larga escala.

São necessários equipamentos especiais, manuais e/ou datilográficos e os equipamentos de ponta de linha não são feitos no Brasil e acabam chegando por importação. Com a ausência de isenção de impostos para estes equipamentos o encarecimento na aquisição é inevitável.

História do Sistema Braille e do Instituto Benjamin Constant

Na Pré-História encontramos registros de manifestações espirituais e artísticas em forma de desenhos nas paredes das cavernas. Para as pessoas cegas, entretanto, a História somente teve seu verdadeiro início em 1825, quando Louis Braille desenvolveu um sistema de escrita e leitura em relevo baseado em um código, originalmente criado por Charles Barbier de la Serre para permitir a comunicação noturna entre os soldados do exército francês.

Este sistema, chamado Sistema Braille, é baseado na combinação de seis pontos em relevo dividido em duas colunas, permitindo, assim, a representação do alfabeto e números, inclusive simbologia numérica, fonética e musicográfica. Além disso, adapta-se plenamente às peculiaridades da leitura tátil, pois cada caractere pode ser percebido pela parte mais sensível do dedo indicador com apenas um toque.

O Instituto Benjamin Constant nasceu com o jovem José Álvares de Azevedo que, em 1850, fez a escolha de iniciar uma batalha no Brasil em prol das pessoas fadadas à exclusão social por não enxergarem.

Aos 10 anos de idade, José foi estudar na única instituição especializada no ensino de cegos do mundo, o Real Instituto dos Meninos Cegos de Paris. Uma oportunidade que não abrangia toda a população brasileira e foi muitíssimo bem aproveitada pelo menino. Lá, ele conheceu o Sistema Braille de leitura, e voltou ao Brasil, agora com 16 anos, disposto a lutar pela difusão do Braille e de uma escola nos mesmos moldes da francesa.

Da autorização de criação à inauguração da escola passaram-se apenas quatro anos e, em 1854, foi fundada a instituição pioneira na educação especial da América Latina: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, atualmente denominada e Instituto Benjamin Constant. Atualmente, a instituição recebe brasileiros de todos os estados, auxiliando na educação do Sistema Braille e, assim, promovendo a inclusão social.

Referências

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